domingo, 2 de agosto de 2009

Até quando teremos cambistas na frente dos estádios de futebol?

Hoje estava acompanhando uma matéria no Esporte Fantástico, programa da TV Record, sobre o problema dos cambistas no Brasil e resolvi comentar algumas coisas que já vinha pensando em falar a bastante tempo.
Descobri no site da Câmara dos Deputados, que exite um projeto de lei em tramitação. O Projeto foi apresentado pelo deputado WANDERLEY ALVES DE OLIVEIRA, conhecido popularmente no meio do futebol como Deley, meio-campo que marcou época na década de 80 no time do Fluminense, campeão brasileiro de 1984.


Deley que completa 50 anos no próximo dia 28 de agosto, já está na vida política a bastante tempo. Se filiou ao PSDB em 1992 onde ficou até 2002, ano em que trocou o PSDB pelo PV, no qual ficou até 2005, ano em que teve passagem pelo PMDB e ainda no mesmo ano chegou no atual partido o PSC.

Com certeza este é um dos mais importantes projetos do deputado, pois trata de um assunto polêmico e que a muitos anos assola o país. A desorganização da venda de ingressos no Brasil. Veja bem, desorganização é uma palavra leve, pois existe muito mais que desorganização por trás disso.
Um fato é certo, o envolvimento de dirigentes de clube e das organizadas é uma realidade.

Mesmo no Rio Grande do Sul, onde campanhas de sócios torcedores, em que os dois principais clubes (Grêmio e Internacional) perfazem acima de 50 mil sócios, os problemas continuam... até em uma escala maior.

Devido a dificuldade na obtenção de ingressos, pois mais de 80% dos bilhetes dos principais jogos para na mão dos sócios, este problema que só vem aumentando.

No segundo jogo da semi-final da última Libertadores, um grupo de torcedores do Grêmio, com ingresso na mão foram impedidos de entrar no estádio Olímpico pela Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul, sob a alegação que os portões já estavam fechados. A ordem para o fechamento destes portões partiu da direção do Grêmio.

Alguns torcedores relataram as violências sofridas cerca de uma hora antes do início da partida ao Clicrbs. O estudante Renan Zucatti, 22 anos acabou no HPS. Ele não viu o jogo e ainda teve de ferimentos no braço e na cabeça. "Depois dessa, não voltou mais ao Olímpico tão cedo" declarou o jovem.

O sócio Fernando Weschenfelder, 28 anos, descreveu o ocorrido "A torcida corria em direção aos carros para tentar se proteger. Havia mulheres e crianças chorando. Foi uma cena de terror". Fernando ainda teve que ouvir deboche por parte dos policiais "Já tão perdendo e querem entrar. Vão para casa!". Fernando agora planeja deixar de ser sócio do Grêmio.

Nesse caso, geralmente somos levados a crer que a culpa é dos torcedores, pricipalmente aqueles que fazem parte das chamadas "organizadas". Em casos como este considero que isso apenas soa como desculpa das direções, já que grande parte dos envolvidos que sofreram agressão não pertence a nenhuma organizada, e sim ao quadro social do clube.

A grande pergunta que fica é como um grande grupo de torcedores (acima de 1000 pessoas) tinham ingressos do lado de fora, e o estádio estava totalmente lotado do lado de dentro???

São descasos como este que fazem que o Brasil não tenha um futebol forte, que perde seus principais jogadores para o exterior. Lembrem-se que o bem maior de cada clube, não são os estádios, jogadores, treinadores ou direções, mas sim sua TORCIDA.

Quando o torcedor, elemento principal da existência do futebol, é impelido a afastar-se dos estádios, perder seus elos mais íntimos com o seu clube, confirmamos cada vez mais a crise do futebol brasileiro.

Quem deve ganhar com isto são apenas as empresas de telecomunicações que cada vez mais ganham telespectadores disposto a pagar por pacotes televisivos, para só assim poder saciar a sua paixão futebolística.

Espero que o deputado Deley consiga aprovar seu projeto de lei, mas mais do que uma lei regulativa, temos que ter interesse em cumprir tal lei. Mobilizar dirigentes, governantes e policiais, para que ela não fique só no papel, e se transforme num elemento real de mudança de pensamento das autoridades em relação a esse fraco elo chamado TORCEDOR.

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